Escrivão Nota 10 – Everton de Abreu Coura: da boleia às investigações criminais
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Com uma trajetória marcada pela determinação, coragem e desejo de fazer a diferença, o escrivão Everton de Abreu Coura é um exemplo de dedicação à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). Bacharel em Engenharia Civil e pós-graduado em Docência no Ensino Superior, ele está em seu sexto ano na instituição, ocupando com orgulho o cargo de Escrivão de Polícia. Atualmente, atua na delegacia de Matipó, no interior do estado, onde se tornou referência de profissionalismo e comprometimento com a população.
Antes de ingressar na Polícia Civil, Everton viveu uma realidade muito diferente da que enfrenta hoje. Trabalhou por sete anos como motorista carreteiro, percorrendo estradas de todo o Brasil. Em 2012, tomou uma decisão que mudaria o rumo de sua vida: saiu da estrada, retomou os estudos e se formou em Engenharia Civil. Chegou a atuar como servidor municipal até conquistar a tão sonhada posse na PCMG.
“O interesse pela segurança pública sempre esteve presente. A ideia de contribuir com investigações e com o bem-estar da sociedade me cativava. Então, mesmo vindo de uma área distante da atuação policial, decidi me preparar para o concurso”, conta.
Aprovado no concurso de 2018/2019, Everton enfrentou um início de carreira repleto de desafios. Longe de casa, no auge da pandemia, teve que lidar com o novo e o incerto ao mesmo tempo. Mesmo assim, manteve-se firme em seu propósito. “Ali percebi o real valor da instituição à qual pertenço. Mesmo diante do medo e do risco, a Polícia Civil não parou. Isso me fez enxergar a coragem dos colegas e reforçar minha vocação”, lembra.
Sobre a escolha do cargo, Everton revela que foi uma grata surpresa. “Creio que fui mais escolhido pelo cargo do que o escolhi. Mal conhecia as atribuições do escrivão, mas me apaixonei pela dinâmica e importância do trabalho”.
Atuação que vai além do cartório
Em sua rotina como escrivão de uma delegacia de comarca, Everton se desdobra entre o gerenciamento do cartório, procedimentos policiais, atendimento ao público e apoio à gestão da unidade. A proximidade com a comunidade exige empatia e acolhimento constante. “Muitas vezes, as pessoas nos procuram com problemas que sequer são de natureza criminal. Mas sempre buscamos escutá-las e dar um encaminhamento digno”, destaca.
A responsabilidade é uma constante em sua atuação. “Procuro tratar todas as demandas com a urgência e o zelo que merecem, mantendo sempre o padrão de formalidade exigido pela função”.
Casos que marcaram a carreira
Ao longo de sua trajetória, Everton vivenciou situações intensas, algumas das quais marcaram sua vida profissional para sempre. Dentre elas, destaca:
Um caso brutal de estupro seguido de latrocínio ocorrido em 2024. Graças à rápida atuação da equipe, o autor foi preso em menos de uma semana e, após um inquérito célere e eficiente, acabou condenado a 47 anos de prisão.
A investigação de um corpo encontrado em um rio, inicialmente tratado como suicídio. Após meses de apuração em sigilo, o caso revelou-se um latrocínio, com o autor preso e condenado.
Uma ocorrência de roubo de caminhão e carga de café, com valor estimado em meio milhão de reais. Everton, sozinho em uma viatura descaracterizada, conseguiu localizar os suspeitos, desencadeando a operação para recuperar a carga com apoio da equipe.
Este último episódio, segundo ele, exemplifica bem a dinamicidade e proatividade que o cargo exige. “Escrivão também está na rua. Somos essenciais nas diligências e devemos estar prontos para agir”, afirma.
Contribuição para a segurança e visão de futuro
Everton acredita que o trabalho bem-feito da Polícia Civil gera na sociedade a sensação de vigilância e justiça, o que por si só já contribui para a prevenção de novos crimes. “Mostramos à população que estamos atentos e que a impunidade não tem vez”, enfatiza.
Ele também defende a integração entre escrivães e investigadores e vê com bons olhos a proposta do cargo unificado de Oficial Investigador, desde que venha acompanhada de uma reformulação dos moldes investigativos. “A unificação pode ser positiva, mas não pode ser apenas mudança de nomenclatura. É preciso uma revisão estrutural”.
Desafios, conselhos e equilíbrio

Conciliar vida pessoal e profissional não é fácil, principalmente em cidades pequenas. “As pessoas sabem quem você é, e o serviço não termina quando o expediente acaba. Mas nos momentos de folga, busco fazer coisas que me dão prazer e me desconectam do trabalho”, explica.
O apoio da família e dos amigos é essencial nessa caminhada. “Eles entendem a responsabilidade da profissão e me ajudam a manter o equilíbrio necessário”.
Aos que sonham com uma carreira na PCMG, ele deixa um conselho: “Se dediquem! É uma carreira de grande importância, com impactos reais na vida das pessoas e na sociedade como um todo.”
Reconhecimento do SINDEP/MG
Para o SINDEP/MG, o exemplo de Everton de Abreu Coura é motivo de orgulho para toda a categoria. Sua atuação incansável, ética e comprometida, reflete o verdadeiro papel do escrivão de polícia na engrenagem da segurança pública.
Everton é, sem dúvidas, um Escrivão Nota 10.
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