SEGURANÇA EM FOCO: JORNAL O TEMPO: Sindicato denuncia omissão da Polícia Civil em casos de assédio moral e sexual
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Marcelo Horta criticou falta de punição aos agressores e cobra criação de delegacia especializada na Corregedoria
A Polícia Civil de Minas Gerais estaria ignorando sistematicamente denúncias de assédio moral e sexual contra seus próprios servidores, segundo acusação do presidente do Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindep-MG), Marcelo Horta. A crítica foi feita durante entrevista à jornalista Letícia Fontes, no programa Café com Política, do canal O TEMPO. Para o presidente do sindicato, há falta de vontade política para investigar crimes cometidos por superiores hierárquicos dentro da corporação.
“O assédio moral acontece a todo momento, mas é preciso haver um investimento sério da chefia, que haja procedimentos sérios”, afirmou Horta. Ele mencionou que o Sindep já enviou um ofício à Corregedoria e à chefia da Polícia Civil com mais de 20 propostas de ações para combater os assédios moral e sexual, mas, até o momento, não recebeu resposta. “De todos os casos que a gente relatou à Corregedoria até hoje, a Corregedoria não deu nenhuma resposta para o sindicato”, completou.
Horta classificou como emblemático o caso da escrivã Rafaela Drumond, que tirou a própria vida em 2023 após denunciar situações de assédio moral. Segundo ele, mesmo com provas deixadas pela vítima, os responsáveis foram penalizados apenas com multas de R$ 3 mil. “Aquele caso da Rafaela mesmo é simbólico, porque tinha tudo, tinha prova que a própria vítima deixou, e no final das contas, os autores pagaram multas de 3.000 reais e aquilo sumiu no vento”, lamentou.
A investigação da morte de Rafaela Drumond foi conduzida pela Corregedoria da Polícia Civil. Um delegado e um investigador que atuavam na mesma delegacia da escrivã são apontados como suspeitos dos assédios. Ambos foram transferidos duas vezes em um intervalo de 20 dias. O investigador está atualmente afastado por licença médica.
Segundo Horta, a maioria das vítimas desiste de denunciar por medo de represálias e por falta de confiança na efetividade dos procedimentos internos. “As pessoas desistem de denunciar porque elas sabem que não vai dar nada. E muitas vezes a vítima é que é prejudicada. Normalmente, a vítima é quem mais sofre”, disse.
O sindicato criou um canal de denúncias anônimas em seu site e recomenda que os policiais gravem o ambiente de trabalho como forma de reunir provas. “A gente tem dado a orientação para o policial: deixa uma câmera no seu computador, grava tudo o que tá acontecendo no seu dia a dia”, disse Horta. Ele ainda reforçou que, quando há elementos suficientes, o sindicato entra com ações judiciais contra os assediadores.
Apesar das iniciativas da categoria, Horta denuncia que a Corregedoria evita mexer com casos que envolvem autoridades. “Falta boa vontade para investigar esse tipo de crime. Porque esse tipo de crime vai bater nos chefes. E a Corregedoria dificilmente está na polícia para combater crimes de chefe, está muito mais para combater os crimes do policial”, afirmou.
O Sindep também propôs a criação de uma delegacia especializada para apurar exclusivamente casos de assédio dentro da própria Corregedoria da Polícia Civil, mas o pedido teria sido rejeitado. “Sabe qual foi a resposta que eles deram? ‘Não, não há necessidade, porque as outras delegacias que combatem todos os crimes podem combater isso’”, contou o presidente.
Por fim, Horta afirmou que o sindicato seguirá pressionando a chefia da Polícia Civil por medidas efetivas para enfrentar o problema: “Nós vamos continuar nessa luta e vamos continuar a exigir da chefia de polícia que tenha políticas de Polícia Civil para o combate ao assédio”.
A reportagem pediu com posicionamento da Polícia Civil e esta matéria será atualizada assim que houver uma resposta.

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