Minas Gerais mergulha na violência, e o silêncio do governo é ensurdecedor
- 1 de jul.
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A violência que tomou conta de Minas Gerais nas últimas semanas não é obra do acaso. Ela é, infelizmente, o reflexo de uma ausência profunda do Estado na formulação e execução de políticas públicas eficazes de segurança. Os episódios brutais que vieram a público — como o assassinato de uma jovem mãe em Guaxupé, a invasão à casa de um major reformado da Polícia Militar armada pelo próprio filho, a prisão de um membro do Comando Vermelho no interior, e a escalada da violência contra idosos — evidenciam um colapso que vem sendo anunciado há muito tempo.
Nós, da Polícia Civil, temos feito o possível — e muitas vezes o impossível — para investigar, combater e prevenir o crime. Mas temos feito isso com efetivo reduzido, estrutura sucateada e, sobretudo, sem o respaldo que deveríamos ter. O governo de Minas Gerais tem falhado em oferecer as mínimas condições de trabalho às forças de segurança. O que se vê, na prática, é uma política de segurança pública marcada por improviso, silêncio e inércia.
Enquanto os policiais atuam com dedicação e sacrifício pessoal, o Estado assiste de longe, como se não fosse sua responsabilidade garantir a ordem, proteger vidas e assegurar a presença institucional onde o crime avança com força.
A realidade nas delegacias é de colapso funcional. Faltam servidores, viaturas, munições, estrutura mínima. Em muitas cidades do interior, há apenas um escrivão e um investigador para atender dezenas de municípios, e mesmo nas regiões metropolitanas os plantões se tornam impraticáveis diante da sobrecarga.
O Sindep-MG, ao longo dos últimos anos, tem reiterado junto ao governo estadual a urgência de medidas estruturantes: realização de concursos, valorização das carreiras policiais, modernização dos equipamentos e integração com políticas sociais.
O que recebemos em troca? Silêncio.
A omissão governamental custa caro. Custa vidas. Custa segurança. Custa paz para milhares de famílias mineiras.
O Sindep-MG faz um apelo público: que o governo de Minas assuma sua responsabilidade. Que pare de tratar a segurança pública como um problema secundário. Que olhe para as polícias como aliadas — não como custo. Que entenda, de uma vez por todas, que não existe estado forte com segurança fraca.
A população mineira merece mais do que promessas. Merece presença, ação e compromisso real com a vida e com a justiça.
Números são alarmantes
Feminicídios e violência contra mulheres
Em março, ao menos seis mulheres foram assassinadas — entre elas a biomédica Miqueias Nunes, morta pelo ex-companheiro em Ibirité reddit.com+4em.com.br+4otempo.com.br+4.
Em 9 de março, a jovem Clara Maria Venâncio Rodrigues (21 anos) foi assassinada e enterrada sob concreto no quintal de um ex-colega em Belo Horizonte; dois suspeitos confessaram em.com.br+1pt.wikipedia.org+1.
No feriadão de 1 a 4 de maio, foram registrados ao menos cinco casos graves de violência doméstica, incluindo estupro em app de corrida (Ribeirão das Neves), sequestro e esfaqueamento em BH, além de cárcere privado e agressões múltiplas em Poços de Caldas otempo.com.br+10em.com.br+10em.com.br+10.
Até março de 2025, Minas registrou mais de 40 000 ocorrências de violência doméstica, um aumento de 1,6 % em relação a 2024 em.com.br.
Violência contra crianças em ambiente escolar
A campanha “Maio Laranja” destacou que, até 12 de maio de 2025, houve cerca de 420 notificações de violência sexual em escolas (quase 1 por dia), incluindo 136 vítimas com idades entre 1 e 4 anos
Furtos e roubos de veículos
Minas Gerais registrou 24.322 furtos de veículos e 4.721 roubos ao longo de 2024, com aumento de aproximadamente 4 % nos furtos e 8 % nos roubos em comparação a 2023 bhaz.com.br+11otempo.com.br+11otempo.com.br+11.
Em média, isso representa cerca de 66 veículos furtados por dia, refletindo uma tendência crescente que pode se estender às semanas recentes .
Roubos a residências em Belo Horizonte
No início de abril, uma operação da Polícia Civil e Militar prendeu quatro suspeitos de envolvimento em diversos furtos e roubos a residências em BH. Um deles, ex-segurança, utilizava acesso privilegiado aos imóveis bhaz.com.br.
Crimes de grande repercussão recente
Em abril/maio, foi preso um membro do Comando Vermelho no interior (como relatado originalmente por você).
Ocorreram casos graves, como o assassinato de uma mãe em Guaxupé, invasão de casa de major reformado e violência contra idosos — todos destacando a deterioração da segurança .
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