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SEGURANÇA EM FOCO: JORNAL O TEMPO Discurso retórico': presidente de sindicato diz que há caixa para reajuste e critica governo Zema

  • 1 de jul.
  • 3 min de leitura

Marcelo Horta, do Sindep-MG, afirma que Estado tem superávit e acusa o governo de negar recomposição mesmo com recursos disponíveis.


O presidente do Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindep), Marcelo Horta, acusou que o discurso do governo estadual de que não há recursos para recomposição salarial das forças de segurança não corresponde à realidade financeira de Minas. Em entrevista à jornalista Letícia Fontes, no programa Café com Política, do Canal O TEMPO, Horta criticou declarações recentes do vice-governador Mateus Simões (Novo), que descartou reajustes em 2025 por conta do veto do governo federal a trechos do Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag). Segundo o sindicalista, o próprio governador Romeu Zema (Novo) teria anunciado superávit em caixa, o que, para ele, contradiz a justificativa de falta de recursos.


“O governador Romeu Zema, em dezembro, anunciou superávit no caixa do governo, dizendo que ele é um bom administrador. Então é um discurso retórico que ele faz para a sociedade. Se tem superávit, como que não tem dinheiro para pagar a recomposição salarial?”, questionou Horta.


Nesta terça-feira (8 de abril), servidores das forças de segurança de Minas Gerais protestam na praça Sete, em Belo Horizonte, por recomposição salarial. A categoria reivindica a reposição de perdas inflacionárias acumuladas, que, segundo o Sindep, somam 74,89% entre 2015 e 2024, enquanto os reajustes concedidos totalizaram 30,01%, gerando uma defasagem de 44,9%. Ainda conforme o sindicato, o governo Zema não cumpriu integralmente um acordo anterior que previa reajuste escalonado, tendo pago apenas a primeira parcela.

“O que a gente está exigindo agora é que o governo pague, no mínimo, aquilo que está na conta do próprio governo dele, que chega em torno de 10,9%. É a recomposição de 2022, que ele não pagou, e a de 2024, que está se negando a pagar. É o mínimo que ele pode fazer pelas forças de segurança pública”, defendeu Horta.


A categoria também critica o modelo proposto pelo governo para valorização dos servidores, como o pagamento de um auxílio-alimentação de até R$ 75 por dia. Embora o benefício tenha sido comemorado, Horta reforça que a conquista só foi possível por pressão das entidades. “Isso era uma demanda nossa desde 2019. Os outros servidores públicos tinham direito ao auxílio, e ele excluiu apenas as forças de segurança. O governador só anunciou o pagamento porque sabia que ia perder na Assembleia Legislativa. Todos os policiais sabem que ele só vai pagar a recomposição se nós formos para as ruas”, afirmou.

Além da questão salarial, o presidente do Sindep criticou a proposta do governador Romeu Zema de contratações temporárias de policiais. Para ele, essa medida demonstra “incompreensão” do governo sobre a função da segurança pública. “Você já imaginou um policial que entra com 22 anos e, aos 30, é dispensado? A única coisa que ele sabe fazer é combater o crime. E quando estiver desempregado, qual será a saída para esse profissional? Isso é um risco à própria segurança pública e um caminho perigoso para a privatização da força policial”, alertou.

Horta também apontou a precariedade estrutural da Polícia Civil em Minas, especialmente no interior. Segundo ele, muitas delegacias funcionam em imóveis alugados, sem estrutura adequada e até com servidores municipais ou estagiários sendo responsáveis pelo atendimento. “No interior, o prefeito é quem aluga uma casa e coloca uma placa dizendo que ali é uma delegacia. Às vezes, nem policial tem. Já encontramos estagiário com a chave da unidade. O governador precisa pensar a Polícia Civil a longo prazo, com prédios próprios e estrutura adequada, e não apenas abrir unidade para tirar foto”, completou.


Apesar das críticas, o sindicalista reconheceu a importância do auxílio-alimentação autorizado recentemente, mas reforçou que a recomposição inflacionária continua sendo a principal pauta da categoria. “É uma demanda que unifica todos os policiais, desde os da ativa até os aposentados e as famílias daqueles que já se foram. É uma questão de respeito e valorização de quem arrisca a vida todos os dias pela segurança da sociedade.”



 
 
 

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